VIGA CADA VEZ MAIOR

VIGA CADA VEZ MAIOR

Por Ricardo Gonçalves,

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Fundada em 2007, a Ferrous Resources do Brasil possui três minas em operação na região do Quadrilátero Ferrífero (MG): a mina Viga, em Congonhas, Esperança, em Brumadinho, e Santanense, em Itatiaiuçu. Com sede na capital Belo Horizonte, a empresa se encontra num momento de franca expansão, com uma produção total, em 2012, de 3,2 Mt de minério de ferro, um crescimento de 77% comparado a 2011. Para este ano, a expectativa é fechar com uma produção de 5 Mt.

foto lenin ferrous itm46Atualmente, o grande projeto e foco da Ferrous é a mina Viga. Adquirida pela empresa no ano de sua criação, em 2007, a mina a céu aberto recebeu investimentos na recuperação de seu passivo ambiental, desde a sua aquisição até o fim de 2010, quando voltou a operar. “Readequamos os taludes da lavra, fizemos proteções e adequações no sistema de drenagem e uma proteção vegetal”, detalha Lênin Porto Mendes, diretor de Implantação da empresa.

Há pouco menos de três anos, a mina tornou-se novamente apta à operação. “No primeiro ano, pensávamos em algo em torno de 1 Mt, mas produzimos um pouco abaixo, por conta da movimentação na mina e de alguns ajustes realizados”, conta Rogério Patente, gerente geral de engenharia da Ferrous. Em 2011, a produção foi de 700 mt, enquanto 2012 registrou 1,6 Mt. Para este ano, Viga deve dar um salto para 3,5 Mt.

Em ramp up

foto rogerio patente itm46Esse aumento de produção pode ser explicado com o primeiro projeto de ampliação de Viga, que aconteceu entre 2012 e maio deste ano, o chamado “Projeto Viga 4”. Com um investimento de R$ 40 milhões, a mina agora está capacitada para produzir 4 Mtpa de minério de ferro. Isso ainda não acontecerá neste ano, devido à conclusão apenas no mês de maio, mas em 2014 a meta já deve ser atingida. “Com a finalização do terceiro módulo recentemente, fecharemos este ano com cerca de 3,5 Mt”, relata Patente. Apenas Viga representará, portanto, aproximadamente 70% do total da produção da Ferrous.

Como parte do “Viga 4”, no mês de agosto, a Ferrous anunciou a inauguração de sua planta adicional de alto campo magnético, com obras que duraram cerca de sete meses. Ela contará com dois separadores magnéticos de alta intensidade Gaustec, em contraste ao separador magnético de tambor de média intensidade que se encontrava na mina Viga.

Antes, todos os rejeitos eram lançados em baías. Os novos separadores magnéticos da planta são do tipo carrossel e de alta intensidade, com campo variável de até 12 mil Gauss. Eles criam um campo magnético que separa a sílica do minério de ferro comercializável e conseguem recuperar 20% de todo o rejeito que era descartado. Ou seja, apenas 10% vão para as barragens de rejeitos. Além disso, o processo aumenta o teor de minério de ferro de 61,1% para 62%.

O tradicional processo de deslamagem continuará sendo feito. Porém, os materiais finos não serão mais lançados diretamente na barragem. Os 20% recuperados são agregados ao produto da mineradora.

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Para se ter uma ideia do crescimento da mina, o quadro de funcionários dobrou de 2012 para 2013. Hoje, são 600 empregados somente na mina de Congonhas (MG). No total, o número de funcionários da empresa é de 1200 pessoas. A expectativa é de um forte crescimento a cada ano, especialmente com as novidades que estão por vir.

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Usina de beneficiamento em construção

Nova ampliação

Neste ano, a mineradora recebeu o Bankable Feasibility Study (Estudo de Viabilidade para fins de financiamento bancário), que atestou a total viabilidade da próxima expansão de Viga. A mina será capacitada a produzir 15 Mtpa (“Projeto Viga 15”), com um teor de 65% de minério de ferro, a partir de 2017. Isso fará com que a planta seja considerada de médio para grande porte. O projeto começa no ano que vem e tem start up programado para 2016. O concentrado de minério de ferro, produto da nossa empresa, tem como primeiro desafio seu teor médio de 34%. Vamos produzir um concentrado com teor de 65% de ferro”, afirma Mendes.

foto jayme ferrous itm46Antes mesmo do estudo de viabilidade, a empresa já possuía todas as licenças e permissões necessárias para a implantação do projeto. “Em junho, recebemos da Golder Associates, uma empresa que presta serviços relacionados à engenharia da terra e do meio-ambiente, a certificação das reservas de Viga, seguindo a padronização internacional JORC (Comitê Conjunto de Reservas Minerais). O documento atesta uma reserva de 450 Mt de minério de ferro, o que torna viável a operação de Congonhas (MG) por 15 anos, no mínimo”, diz Jayme Nicolato, presidente da Ferrous.

Na nova planta, será investido US$ 1,28 bilhão, proveniente de financiamento, acionistas já existentes e acionistas estratégicos. A expectativa é levantar aproximadamente US$ 500 milhões de capital e US$ 1 bilhão de dívidas – BNDES e financiamento de equipamentos, valores dentro do padrão de mercado. O grande objetivo da empresa é manter equilibrado o seu Capex (investimento para implantar o projeto) e o Opex (custo para operar o projeto), resultando numa boa recuperação do minério e em maior competitividade, tendo o alto teor de ferro de 65% como um diferencial no mercado.

Outro grande desafio para a Ferrous é não gerar interferências durante a fase de implantação, na atual planta de 4 Mtpa, que fica ao lado da nova. Também será preciso lidar com um pico de 3500 pessoas trabalhando diretamente nas obras. As questões de saúde e segurança despontam como as de maior prioridade. “Estamos nos preparando para receber essas pessoas e propiciar um ambiente de trabalho seguro, pois teremos obras com escavação, trabalhos em altura, serviços em espaços confinados e com montagem eletromecânica e pesada, além da movimentação de cargas. Por isso, estamos nos dedicando bastante ao planejamento da obra, de forma a minimizar todos os riscos de sua execução”, garante Mendes.

A logística da região não é um problema para a Ferrous Resources, graças ao terminal ferroviário próprio, que condiz com o sistema integrado de lavra, beneficiamento e embarque do produto. O terminal, construído em 2011, conduz o minério até o Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Ao longo dos próximos anos, vários equipamentos passarão por Viga (veja tabela). A mineradora ainda não definiu as marcas e modelos que estarão presentes e começará a cotar nos próximos meses. Entre as grandes novidades, estão os caminhões fora-de-estrada e as escavadeiras de maior porte, além das 22 células de flotação (16 de 200 m³ e 6 de 100 m³). Estarão ali, ainda, 2 moinhos de bolas, com 7,9 m x 12,8 m. “Vamos usar também 2 britadores primários, 6 peneiras secundárias, 5 britadores entre secundários e terciários, filtros de correia, com três linhas de filtragem e equipamentos de manuseio, como bombas de polpa e transportadores de correia”, conta Mendes, diretor de Implantação.

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O momento é bom para a ampliação, pois muitos projetos da região foram postergados ou ainda não foram iniciados. Há uma expectativa grande da comunidade, do setor público e dos empresários da região, que enxergam o projeto como uma boa oportunidade no atual momento, sendo um dos poucos que continua em prática. Vários projetos de implantação estão sendo concluídos e poucos efetivamente iniciados.

Também as comunidades da região têm aceitado bem a presença da mineradora, que mantém uma relação estreita com os habitantes e com o setor público dos municípios de Brumadinho, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e, claro, Congonhas. E a mineradora deseja impactar positivamente o máximo possível na região, não apenas com a geração de empregos e renda, mas também com projetos de educação e diversificação da economia, como o turismo de base comunitária e a construção dos projetos político-pedagógicos (PPPs) das 29 escolas municipais de Congonhas, documento exigido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Outro projeto social é o Programa Conviver – Pesquisa com Escolas, que consiste no conhecimento da região pelos estudantes. “Eles aprendem sobre os diferentes impactos da mineração na região, o que pode despertar neles a vontade de trabalhar ou não no setor mineral”, aponta Mendes. Há também as parcerias com ONGs, como a Zeladoria do Planeta, com quem são realizadas caminhadas ecológicas. Em 2012, a Ferrous investiu R$ 4 milhões em ações de responsabilidade socioambiental.

No dia 07 de outubro, a Ferrous apresentará as novidades de seu projeto oficialmente em evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pelo Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), em Belo Horizonte (MG). Cerca de 200 pessoas são esperadas para o encontro, que será realizado no auditório da Fiemg.

(Agosto/setembro 2013)

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