TRANSPARÊNCIA E CLAREZA

Editorial

Por Tébis Oliveira (1)

tebis “O antigo conceito onde o valor de uma mina baseava-se em três variáveis (na reserva de minério no solo, no custo de sua extração e no preço mundial do minério) torna se cada vez mais obsoleto”, é o que nos demonstra em mais um de seus brilhantes artigos – como sempre – o especialista em recursos minerais da ANM (Agência Nacional da Mineração) Mathias Heider.

Ao tratar do tema “A importância dos ‘Stakeholders” no setor mineral” na seção Mine Mercado desta edição, Heider diz que essas pessoas, não raro organizadas em grupos de interesse e também chamadas de partes interessadas ou agentes, podem ser classificadas em dimensões de poder, legitimidade e urgência variando, em nível de engajamento, de bloqueadores a apoiadores da operação ou projeto mineral.

É preciso que as mineradoras reconheçam a importância dos stakeholders, identifiquem seu DNA, estabeleçam formas de relacionar-se com eles, criando, por fim, formas de interação genuína e imparcial. Não se trata – se é que algum dia se tratou – de simplesmente “assinar um cheque”. Aqui, complemento eu: um cheque ao portador, sem garantias de chegar ao destino certo e esperado, como fariam títulos de crédito da mesma natureza, porém visados, cruzados ou administrativos.

Alessandro Lucioli Nepomuceno, diretor de Sustentabilidade e Licenciamento da Kinross do Brasil e entrevistado na seção Mine Personalidade, por sua vez, diz que a sustentabilidade, para a mineradora, só pode ser alcançada “se o balanço dos impactos positivos da operação de uma mina for superior ao dos impactos negativos”. Não se fala aqui de um balanço qualquer. Ele “deve ser medido e validado pelas partes interessadas na operação, em especial, as comunidades locais”, alerta o executivo, que complementa:  “não podemos criar uma estratégia baseada apenas no que importa para nós”.

Neste mês de junho, que é dedicado ao meio ambiente, e onde tratamos da sustentabilidade da mineração brasileira, conceito bastante difuso e sujeito, portanto, a interpretações por vezes superficiais, vagas, incorretas ou mesmo deformadas, tomo a liberdade de parodiar Nepomuceno. Não existem outras formas de interação com os stakeholders que não sejam o engajamento, principalmente, e a transparência. Um diálogo claro e franco vale mais que mil cheques, voltando ao exemplo dado por Heider.

Em muitos casos, ainda e infelizmente, não foi e continua não sendo assim. De nossa parte, seguimos acreditando que inexoravelmente terá de vir a ser.

Tébis Oliveira (1) é editora de Sustentabilidade e Novos Projetos da revista In The Mine
tebis@inthemine.com.br

 

 

 

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