O MELHOR MINÉRIO DE FERRO

O MELHOR MINÉRIO DE FERRO

Por Ricardo Gonçalves,

FOTO 3 Credito - Agencia Vale
Vista aérea da usina no primeiro plano e da área de convivência ao fundo

O complexo minerador de Carajás, um dos maiores do mundo, está situado majoritariamente no estado do Pará e encontra-se em operação desde 1985. O projeto sempre pertenceu à Vale, antes CVRD, tendo sido privatizada há 16 anos). Na região, é produzido o “melhor minério de ferro do mundo”, como a própria empresa o classifica, com teor de 67%. Agora, a Vale está ampliando essa produção com o projeto S11D, na Serra Sul de Carajás.

Em julho deste ano, ela obteve a Licença Ambiental de Instalação (LI), emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que autorizou o início das obras de construção da usina. Com a emissão, o Conselho de Administração da empresa aprovou o programa completo, envolvendo mina, plantas de processamento, capacidade ferroviária e porto.

Os investimentos no projeto serão da ordem de US$ 19,67 bilhões, dentre os quais US$ 8,08 bilhões foram designados para a instalação da nova mina e da usina. O restante será direcionado para o aumento da capacidade logística atual, compreendendo a construção de um ramal ferroviário, a duplicação de seções da ferrovia, um terminal ferroviário e instalações portuárias. Haverá a expansão de 504 km da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a remodelação de 226 km de linhas já existentes. O Capex está programado até o fim do ramp-up, em 2018. Na fase de implantação, o S11D criará 5.200 empregos diretos e, na fase de operação, 2.600 permanentes. No pico de obras, são esperados 30 mil trabalhadores, incluindo os temporários.

Projeto S11D
Empregados fazem semeadura com exemplares nativos na beira da rodovia municipal de Canaã dos Carajás

O start up está previsto para o segundo semestre de 2016, mas a operação só deve ser plena a partir do ano de 2018, com uma estimativa de produção de 90 Mtpa de minério de ferro. Para se ter uma ideia, a quantidade é suficiente para encher 225 navios do tipo Valemax, considerado o maior mineraleiro do mundo. Atualmente, a Vale produz 109 Mtpa de minério de ferro no Pará, mas quando o S11D estiver em capacidade total, a produção total será de 230 Mtpa. As reservas são de cerca de 4,24 bilhões de toneladas, com um teor médio de ferro de 66,7% e baixas impurezas.

Frota
Como enfoque no meio ambiente, a mineradora promete reutilizar 86% da água captada na instalação e reduzir o uso de 77% de combustível e de 18 mil MW de eletricidade por ano. Essas metas serão reflexos do uso da umidade natural para peneiramento do material. Além disso, os caminhões fora-de-estrada serão substituídos por uma estrutura composta por escavadeiras, britadores móveis e correias transportadoras.

FOTO 5 Credito - Agencia Vale
Pátio onde são montados os módulos da futura usina de beneficiamento

Os principais equipamentos serão movidos a energia elétrica. Apenas os tratores de esteira, motoniveladoras e outras máquinas de apoio continuarão consumindo diesel. O minério será transportado por correias de borracha móveis, que percorrerão até 9 km de extensão entre o local de extração e a usina de beneficiamento. Assim, as emissões dos gases do efeito estufa (GEE) cairão de 146,3 mtpa para 33,7 mtpa de CO2, resultando num percentual também de 77%. A usina de beneficiamento será construída em uma região de pastagem, fora da área de floresta onde se encontra a mina, reduzindo os impactos do desmatamento.

Jamil Sebe, diretor de Projetos Ferrosos Norte da Vale
Jamil Sebe

“O minério será beneficiado a partir de sua umidade natural, processo chamado de peneiramento a seco, sem adição de água ao processo, eliminando assim todo o circuito a úmido, bem como a formação de barragem de rejeitos”, explica Jamil Sebe, diretor de Projetos Ferrosos Norte da Vale. A técnica contará com peneiras de alta aceleração, telas especiais e estrutura mais robusta para suportar os esforços da forte aceleração. Esse processo possibilita uma recuperação de 100% do material alimentado na usina.

Tabela1

Estágio atual
O cronograma do projeto tem sido cumprido à risca. “Já foi implantada uma área de apoio, denominada Canteiro Sudeste do Pará, que suporta a fase de pré-montagem da planta industrial, e uma estrada de acesso ao local da planta com 45 km de extensão”, relata Sebe. Como grande inovação, as estruturas da usina, com pesos variando entre 80 e 1.300 t, vão ser totalmente moduladarizadas, sistema pioneiro que resultará no menor uso de concreto, empregado apenas nas fundações. A montagem em módulos está sendo realizada no canteiro, localizado numa área afastada em mais de 40 km do local onde a usina será instalada. Ali, estão sendo executados os serviços de pré-montagem, com os módulos que farão parte da usina do projeto.

FOTO 4 Credito - Agencia Vale
Pátio onde são montados os módulos da futura usina de beneficiamento

“O S11D modularizou a planta industrial em 109 unidades, compostas de estruturas metálicas e equipamentos. Os módulos serão transportados da sua área de montagem até o local da planta, interligados e montados sobre fundações de concreto armado”, afirma Sebe. “Eles têm peso médio de 609 t, sendo o maior com 1.304 t. As dimensões do maior módulo são de 52,5 m de comprimento, 18,2 m de largura e 24,1 m de altura”, complementa o diretor.

Os principais equipamentos da usina e da mina, como máquinas de pátio, peneiras, britadores fixos e móveis (para o sistema truckless), estão em fase de aquisição, sendo armazenados na mesma área de apoio a 40 km da usina. Além disso, a subestação principal da usina e a linha de transmissão encontram-se em fase final, gerando o fornecimento de energia suficiente para abastecer a implantação e a operação. Com as autorizações recebidas, a Vale emitiu a ordem de serviço para a terraplanagem, obras civis da planta, TCLD (transportadores de longa distância) e acessos internos entre mina e planta.

Tabela2

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