LAS MÉDULAS

LAS MÉDULAS

A vista de Las Médulas, a partir do mirante de Orellán, é a de uma série de picos de arenito avermelhado, cobertos por carvalhos, castanheiras e azinheiras centenárias (Foto 1). Considerada a maior mina de ouro a céu aberto do Império Romano, Las Médulas localiza-se próxima à cidade homônima, na comarca de El Bierzo, província de León, na comunidade autônoma de Castilla y León, noroeste da Espanha.

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Foto 1

Há notícia de que as primeiras extrações de ouro, em placeres fluviais, foi feita por povos indígenas originários da região. A operação enquanto mina, no entanto, ocorreu somente no século I aC, sob a supervisão direta do imperador Otaviano Augusto. Estima-se que entre 5 e 6 t de ouro foram extraídas até o abandono da mina, no século II dC, por cerca de 400 homens livres vindos de Astures e Cântabros, após seu domínio pelos romanos. Em troca de seus serviços, os trabalhadores recebiam comida e puderam fundar vilas próximas à mina para residir.

A datação da exploração mineira de Las Médulas, antes baseada na cronologia desses povoamentos lindeiros, foi estabelecida recentemente com o uso de radiocarbono para análise de materiais depositados em 9 canais e em três caixas d’água remanescentes da antiga mina. Esse trabalho, realizado por pesquisadores do Instituto de História do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), vinculado ao Ministério de Ciência e Inovação da Espanha, ainda está em curso, e pode alterar a datação atual do abandono da mina do século II dC para o século III dC.

Além da beleza da paisagem, Las Médulas impressiona pelo gigantismo do método de mineração hidráulica empregado para a extração do ouro, refletindo a genialidade da engenharia romana. Conhecida como ruina montium (colapso das montanhas), a técnica implicava no desmonte de grandes massas de conglomerados pobres em minério para permitir acesso aos estratos de maior riqueza (Foto 2 no alto da página).

Para isso, era construída à mão, com o uso de picaretas, macetes e ponteiros, uma extensa rede de poços e galerias (Foto 3) interna à montanha. Do lado de fora, canais de abastecimento traziam a água captada das encostas norte (a cerca de 80 km) e sul (a cerca de 100 km) das montanhas Aquilian, depositando-a em um tanque de regulação e distribuição, que a transferia para outros canais e desses para poços de exploração situados nos vários setores da mina, de onde seguia pelas galerias subterrâneas.

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Foto 3

Após analisar as estruturas ainda existentes em Las Médulas – 32 canais da rede hidráulica e 39 caixas d’água – e o processo de lavra, a pesquisa do CSIC conseguiu definir, pela primeira vez, o sequenciamento de mina, concluindo que foram realizados 42 desmontes na montanha apenas na última área explorada da mina (Foto 4).

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Foto 4

Também foram identificados vários canais de evacuação, que carregavam o material estéril até seu depósito em seis grandes canais de ejeção (Foto 5).

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Foto 5

O maior deles – o Caos de Maseiros, deu origem ao Lago de Carucedo (Foto 6).

Las Medulas Foto 6
Foto 6
Foto 1: J.L. Pecharromán/Instituto de História/CSIC
Foto 2: http://www.lasimagenesqueyoveo.com/
Foto 3: Håkan Svensson (Xauxa)
Foto 4: CSIC
Foto 5: CSIC
Foto 6: Cornatel Medulas

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