DIVERSIFICAÇÃO DE COMMODITIES E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

DIVERSIFICAÇÃO DE COMMODITIES E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Por: Marcos André G.V.Gonçalves(1); Rodrigo Martins(2); Roberto Perez Xavier(3); Augusto C.B.Pires(4)

Neste final de 2023 se tornou evidente que o ano foi intenso para o setor mineral em nível global, em especial marcado pelo crescimento forte dos investimentos na pesquisa de minerais vinculados à transição energética para uma economia de baixo carbono. Em nível global, temos assistido à necessidade de crescimento da oferta global de lítio (14x), níquel (2,5x), cobalto (3,5x), manganês (7,5x) e grafita (8x), para ser possível atender ao mercado de baixo carbono até 2040. A transição energética colocou as baterias no centro da geopolítica global.

No Brasil não foi diferente, com um crescimento exponencial nos investimentos em lítio e terras raras, tendo os estados de MG, CE, BA e GO como foco até o momento. Mesmo contribuindo com 16% das reservas mundiais de terras raras, 1% das de lítio e 22% das de grafita, o setor mineral brasileiro ainda engatinha na produção desses elementos.

Durante o ano foram anunciados bons resultados e investimentos vultosos nos projetos de terras raras em Goiás, Minas Gerais e Bahia, das empresas Meteoric Resources, Brazilian Rare Earths, Serra Verde, Aclara, Appia e Veridis Minerals and Mining. O ano de 2023 também apresentou avanços significativos nos projetos de lítio e de grafita flake ou veios (lump), ao longo do cinturão Araçuaí (Província Mantiqueira), entre o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais, além de níquel – cobalto – cobre e elementos do grupo da platina (EGP) nas Províncias Araguaia e Carajás, no Pará, e no norte do cráton do São Francisco (BA).

Ciente que não existe transição energética sem pesquisa mineral e mineração, dos três cursos de aperfeiçoamento ofertados pela ADIMB em 2023, dois trataram de metais críticos ou estratégicos, no caso, lítio na Província Pegmatítica Oriental do Brasil.

Com mudanças tão fortes em curso é fundamental contar com mão de obra bem treinada e capacitada para garantir ao país os frutos dessa nova “corrida do ouro”. Para isso, a ADIMB não se furtou ao cumprimento de sua missão e atualizou as grades de programação de eventos, cursos e principalmente, numa parceria inédita com o IBMEC, foi possível estabelecer o primeiro curso de Gestão de Recursos Minerais em regime híbrido, com início previsto para agosto de 2024.

O retorno das expedições geológicas a outros distritos mineiros de classe mundial no exterior será outra novidade coordenada pela ADIMB, com a visita a depósitos de Cu-Au-Fe do norte da Finlândia, em agosto de 2024, com o apoio do Serviço Geológico da Finlândia (GTK). Esta atividade é fundamental para a imersão e interação de profissionais brasileiros envolvidos em pesquisa mineral às práticas e métodos de trabalho desenvolvidos em distritos mineiros internacionais.

Janeiro de 2023 iniciou com um novo governo e, com ele, retomamos nossa cooperação para um setor mineral mais forte, capacitado e competitivo. É importante também destacar que seguimos preocupados com a situação da ANM (Agência Nacional de Mineração) que, próxima de completar 5 anos de sua criação, ainda carece de recursos, pessoal e modernização. Não há setor mineral competitivo e forte sem uma agência reguladora bem estruturada.

Cientes da importância de ir além do Sistema Brasileiro de Certificação de Reservas e Recursos Minerais e buscando trazer ao Brasil parte dos mais de US$ 700 milhões em investimentos feitos através de outras bolsas de valores no mundo, intensificamos a colaboração com a ABPM, CBRR, IBRAM, BNDES, B3 e bancos de investimento, com vistas ao fortalecimento da plataforma Invest Mining, que consideramos importante iniciativa para o desenvolvimento de mecanismos de investimentos em pesquisa mineral e mineração no Brasil.

Apesar dos avanços da pesquisa mineral em 2023, para os próximos anos o Brasil pode e deve buscar diversificar sua pauta de produção mineral para galgar um patamar de player mundial importante de multi-commodities minerais, a exemplo do Canadá e Austrália. Isso passa por oferta permanente de novas áreas; facilitação com responsabilidade do acesso aos territórios; desenvolvimento de regulamentações ambientais mais flexíveis na fase inicial dos projetos; e criação de instrumentos de financiamento que atinjam também os médios e pequenos mineradores; além da ampliação do conhecimento geológico das províncias minerais em escalas que possam auxiliar decisões estratégicas na pesquisa mineral.

Presidente(1); Vice-Presidente(2); Diretor Executivo(3); e Gerente de Projetos(4) da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro – ADIMB

Na foto (da esq. para dir.): Rodrigo Martins, Marcos André, Roberto Xavier e Augusto Pires

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