UMA SALINA MILENAR NA TRANSILVÂNIA

UMA SALINA MILENAR NA TRANSILVÂNIA

Oficialmente, o primeiro relato sobre a existência de uma mina de sal na cidade de Turda, na Transilvânia, então pertencente ao império austro-húngaro e, desde o final da Primeira Guerra Mundial, incorporada à Romênia, data de 1º de maio de 1271. Mas é possível que bem antes, durante a ocupação romana da região da Dácia (106 a 271/275 d.C.), já ocorresse a produção de sal na jazida, que se tornou a principal fonte de abastecimento desse produto para o Leste Europeu.

Diz-se que na Salina Turda o sal era extraído apenas por homens livres, que recebiam um salário anual de 12 florins (moedas de ouro) e nas principais festas religiosas – Natal, Páscoa, Pentecostes e Dia de Todos os Santos – ganhavam uma pipa de vinho, um boi e 100 pães cada. A produção de sal da mina começa a decair em 1840, sendo encerrada em 1932. O local serviu de abrigo antiaéreo para a população da cidade durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) e teve um trecho de 500 metros de uma de suas galerias de transporte utilizado como armazém de queijos, a partir de 1950.

Em 1992, a Salina Turda foi aberta ao público como atração turística, assim funcionando até 2008 quando foi fechada para um longo processo de modernização, transformando-se em um museu de mineração de sal e entrando no circuito internacional de turismo quando reaberta, em 2010. Seus pontos de destaque são as duas minas – Rudolf e Theresia – e o Hall of Appeal, onde fica a chamada Escadaria dos Ricos.

A mina Rudolf (foto no alto da página), foi assim nomeada em homenagem ao príncipe Rudolf da Áustria (1858-1889), herdeiro do imperador Francisco José I. Essa mina foi o último local de onde o sal foi extraído em Turda e possui uma monumental cúpula em forma de trapézio, com 42 metros de profundidade, 50 metros de largura e 80 metros de comprimento.

A descida ao último nível é feita por 172 degraus, distribuídos entre 13 pisos, cada um com uma ponte de descanso e o registro, em uma parede, do ano em que o respectivo nível foi explorado. Ao longo do tempo, estalactites de sal macro cristalino de alta pureza (acima de 99,9% de NaCl) se formaram no meio-teto noroeste de Rudolf, sendo que as mais antigas já atingiram sua extensão máxima, de cerca de 3 metros.

Os turistas têm uma visão geral de toda a mina através de um elevador panorâmico (Foto 2) e, a 120 metros de profundidade, encontram um anfiteatro (Foto 3), campos desportivos, espaços para bilhar, minigolfe e tênis de mesa e um parque infantil, com destaque para a roda-gigante subterrânea – provavelmente a única do mundo – com 20 metros de altura (Foto 4).

Foto 2
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Foto 3
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Foto4
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Passando ao Hall of Appeal, espécie de sala que permitia acompanhar a entrada e saída de pessoas da mina Rudolf, está a Escadaria dos Ricos que, antigamente servia de acesso às duas minas. No entanto, desde que o imperador Francisco José I desceu a escada, seu acesso foi interditado aos trabalhadores e reservado apenas a nobres, o que motivou seu nome popular.

Os degraus da escadaria foram fincados em linhas paralelas abertas na pedra de sal por martelos de mineiros e fabricados em madeira de abeto (Foto 5), cuja resina natural neutraliza o sal evitando sua cristalização.

Foto 5
Foto 5

O Hall of Appeal conta também com um altar em forma de nicho, escavado na parede em que um mineiro idoso teria visto o rosto de Nossa Senhora, segurando o menino Jesus nos braços. Todas as manhãs, o pároco da Salina rezava uma missa nesse altar rogando pela proteção dos mineiros antes do início de sua jornada.

Já a mina Theresia (Foto 6), abaixo da mina Rudolf, abriga uma cascata e eflorescências de sal (Foto 7), um lago subterrâneo e estalactites. É a operação mais antiga em todo o complexo minerário, explorada entre 1690 e 1880. A atividade extrativa abriu espaços com 90 metros de altura, 75 metros de diâmetro e profundidades de até 112 metros.

Foto 6
Foto 6
Foto 7
Foto 7

O lago subterrâneo chega a profundidades de 6 metros e se estende por cerca de 80% de uma das galerias. Em seu centro formou-se uma ilha (Foto 8) a partir do sal residual armazenado depois de 1880, quando a lavra foi encerrada.

Foto 8
Foto 8

A Salina de Turda está aberta à visitação de segunda a domingo, das 9 às 18 horas.

 Fotos: Salina Turda/Divulgação

 

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