REFORÇO DE FRENTES

REFORÇO DE FRENTES

Por Tébis Oliveira

Fotos: Divulgação AngloGold Ashanti

Em julho de 2018, a AngloGold Ashanti adquiriu um jumbo DD321-40C, da Sandvik, para operar na mina Córrego do Sítio I (CDS I), em Santa Bárbara (MG). É o segundo equipamento desse tipo integrado à frota da mineradora nos últimos dez meses. Em outubro de 2017, a mina Cuiabá, situada em Sabará, no mesmo estado, comprou um Boomer M2C, da Atlas Copco. O investimento nas duas máquinas foi de R$ 10 milhões.

As aquisições foram realizadas para ampliar a frota subterrânea de perfuração de frente das duas unidades. Em consequência desse reforço, a expectativa na mineradora é de melhoria dos indicadores de produtividade e qualidade do processo nas frentes de desenvolvimento de lavra.

A mina CDS I já contava com seis jumbos, três de perfuração – um DD320-26C e dois DD321-40C, todos Sandvik – e três de contenção (saneamento de choco) – sendo outros dois DD320-26C e um 282S, da Atlas Copco. A predominância de equipamentos Sandvik foi determinante para a escolha de um novo modelo da mesma marca. “Seguimos critérios de padronização de frota e otimização do estoque de peças de reposição. Também consideramos a facilidade de capacitação dos operadores e de manutenção, visto que tínhamos equipamentos similares, além da otimização de custos por já contarmos com um dealer Sandvik que atende ao restante da frota”, explica o diretor de operações de CDS I, Renato Queiroz de Castro.


Renato Queiroz de Castro, diretor de operações da mina CDS I

Na Mina Cuiabá, onde já operavam dois jumbos DD321-40C, da Sandvik, a opção pelo Boomer M2C levou em conta, principalmente, os “excelentes” resultados obtidos pelo modelo na Mineração Serra Grande (MSG), produtora de ouro da AngloGold Ashanti em Goiás (GO), segundo o diretor de operações Ricardo Assis. Outros dois fatores pesaram na escolha: as condições do contrato de assistência técnica oferecidas pela Atlas Copco e a tecnologia ABC Total – Advanced Boom Control -, embarcada no equipamento, que possibilita sua operação semi-automática ou automática, com ou sem operador, acrescenta Assis.

CDS I

Referindo ao DD321-40C, Castro diz que são muitas as tecnologias disponíveis no modelo. O destaque é o sistema de instrumentação TCAD+, que permite ao operador visualizar, no monitor da cabine de operação, o plano de perfuração com os ângulos planejados, o que assegura maior precisão e qualidade ao trabalho. Concluída a atividade, o software ISure  emitem um relatório que compara a execução planejada e a realizada, servindo às análises sobre a perfuração e o rendimento da frente.

“A tecnologia TCAD+ aumenta a precisão da perfuração, reduzindo a quantidade de escavação excessiva ou insuficiente (Underbreak e Overbreak). A partir da coleta de dados integrada ao equipamento, o sistema ainda oferece informações sobre posição e ângulo do furo e diversos parâmetros importantes sobre o processo de perfuração”, detalha Castro. O DD321-40C conta ainda com um sistema End-of-hole, de auxílio na limpeza do furo, e com dois sistemas de controle hidráulico THC 561.

Para o diretor de operações, outros ganhos de performance do equipamento com essas tecnologias, além da perfuração mais precisa, são a melhor qualidade do arranque na detonação das frentes de serviço, o aumento significativo da vida útil das ferramentas de perfuração e a maior produtividade do ciclo de perfuração devido à eliminação manual da frente.

São avanços importantes em pontos onde se concentram os principais problemas das operações de perfuração, como a maior probabilidade de desvios dos furos em relação ao plano de produção, o menor rendimento do fogo e as deficiências da marcação de frente manual. Castro acrescenta, ainda, a menor confiabilidade dos dados de perfuração: parâmetros operacionais, quantidade de furos realizados, data da furação e identificação do operador.

O DD321-40C está sendo empregado para ampliar a metragem da Rampa Carvoaria, corpo principal da unidade de Santa Bárbara, a cerca de 381 metros da superfície. Sua manutenção e a do restante da frota de jumbos, é realizada pela própria mineradora, contando com o apoio de um técnico contratado da Sandvik na manutenção preventiva e corretiva. A oficina em CDS I possui 10 boxes e uma ponte rolante, além de dois boxes de lavagem. Em 2018, segundo Castro, a disponibilidade operacional acumulada da frota de jumbos de perfuração, até meados de novembro, era de 75,6% e da frota de jumbos de contenção de 64,9%. Os danos mais comuns desses equipamentos são os relacionados aos sistemas hidráulico (mangueiras) ou de perfuração (perfuratriz, punho e cabeçote) e à quebra da estrutura da lança/braço e ancorador, em especial nos jumbos de contenção.


Ricardo Assis, diretor de operações da mina Cuiabá

Cuiabá

Operando  em profundidades que variam entre 1.200 a 1.300 metros da superfície, o M2C tem a função de acelerar o aprofundamento das duas rampas principais da mina Cuiabá. Em relação aos jumbos já existentes – dois de perfuração e quatro de contenção -, o novo equipamento possui lanças 30% maiores em comprimento, permitindo o aumento da metragem desenvolvida e maior qualidade de perfuração nas frentes de serviço.

“A navegação do plano de fogo com o ABC Total possibilita uma perfuração de desenvolvimento com qualidade e produtividade. Um detalhe importante é o comprimento de perfuração superior do M2C, de 5,10 metros contra 3,90 metros da frota mais antiga”, explica Assis. Segundo ele, além de fazer a leitura da navegação, traçar o ponto de furação e executar a perfuração, o sistema também emite um relatório sobre a qualidade do trabalho executado.

Atualmente, o plano de perfuração da mina Cuiabá consiste de 62 furos totais, sendo 57 carregados com explosivo e 5 alargados em 5 polegadas como face livre do pilão. O jumbo M2C realiza a perfuração dos 316 metros de um plano de fogo em um tempo médio de 90 minutos. Sua manutenção preventiva e corretiva é terceirizada pela Atlas Copco e, nos últimos três meses (agosto a setembro de 2018), sua disponibilidade média foi de 92,5%.


Figura 1 – Plano de fogo realizado e extraído da rede em tempo real pelo M2C

Sistema de instrumentação do jumbo

O sistema de instrumentação TCAD+, que integra o jumbo DD321-40C, em operação na mina Córrego do Sítio I (CDS I), da AngloGold Ashanti, é composto de um computador de bordo com interface gráfica amigável e tela sensível ao toque, que mostra em tempo real o desempenho operacional do equipamento, inclusive com diagnóstico de falha.

Segundo Cristiano Silva, gerente de Vendas e Engenharia de Aplicação da Sandvik, o sistema conta também com o software ISure,  que gerencia toda a operação de perfuração, desde a elaboração do plano de fogo ao monitoramento e registro de sua execução. Os dados da perfuração são coletados e armazenados durante a operação (conceito MWD – Measurement While Drilling) para posterior análise e aperfeiçoamento de todo o processo.

Cristiano Silva, gerente de vendas e engenharia de aplicação da Sandvik. Foto: Divulgação Sandvik

“O TCAD+ permite que o operador localize e posicione os furos com maior eficiência, resultando em uma perfuração mais precisa, que respeita o plano de fogo e, em consequência, otimiza a  qualidade da detonação”, conta o gerente. Segundo ele, a eliminação da marcação dos furos pela topografia e a maior agilidade no posicionamento da lança também reduzem o ciclo de trabalho da máquina.

Para a operar em CDS I, além do TCAD+, o DD321-40C foi configurado com lanças de 16’, que permitem um avanço maior por detonação, um compressor de ar de maior capacidade e um sistema automático de lubrificação. Durante 30 dias, após a entrega do jumbo, a Sandvik realizou um comissionamento na mina, monitorando seu desempenho. Esse monitoramento serviu para direcionar o treinamento dos operadores e da área de manutenção do CDS I.

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