PANDEMIA PODE IMPACTAR PRODUÇÃO E INVESTIMENTOS

PANDEMIA PODE IMPACTAR PRODUÇÃO E INVESTIMENTOS

Em coletiva de imprensa realizada por videoconferência na tarde de 15 de abril, Wilson Brummer, presidente do Conselho Diretor do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), e Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente da entidade, divulgaram os resultados de produção, exportação, importação, arrecadação e estoque de empregos diretos do setor mineral no primeiro trimestre de 2020.

Os executivos disseram que a redução da produção mineral brasileira, já verificada no período avaliado, não pode ser descartada ao longo do ano, a depender dos impactos da pandemia de coronavírus na economia mundial, com destaque para a retomada da demanda da China. “Estamos no olho do furacão e podemos ter sim uma continuidade dessa queda de produção durante a crise atual”, explicou Brummer.

Expectativa de retomada integral das operações

Brummer também afirmou que a expectativa do setor é a retomada integral das operações o mais rapidamente possível, mas sempre com respeito às vidas humanas. “Sem elas, não faz sentido produzir nada”, considerou. Para ele, o setor mineral tem aprendido muito nessa fase turbulenta. “O Ibram sempre defendeu que a mineração deveria se abrir mais e estar mais próxima das comunidades locais. Agora, estamos fazendo isso e demonstrando a importância do setor mineral para a vida humana”, justificou.

Ainda segundo Brummer, os investimentos previstos na mineração brasileira para o quadriênio 2020-24, de cerca de US$ 32,5 bilhões, podem ter sofrer alterações em função dos impactos resultantes da pandemia de coronavírus, assim como novos projetos podem ter seu cronograma adiado.

Produção mineral brasileira no 1T20

 

A consolidação dos dados referentes a 75% da produção mineral brasileira no 1T20 aponta uma queda de 18% do volume produzido pelo setor (220,44 Mt), em comparação ao registrado no 4T19 (267,76 Mt), e de 17% em relação ao 1T19 (265,45 Mt). O Valor da Produção Mineral (VPM) no período, segundo Penido, somou R$ 36 bilhões, excluídos os setores de petróleo e gás.

O Pará respondeu por R$ 16,1 bilhões do VPM (44,7%) e Minas Gerais por R$ 12,9 bilhões (35,7%). Outros quatro estados tiveram participação significativa no faturamento: Goiás (3,4%), São Paulo (3,1%), Bahia (2,9%) e Mato Grosso (2%). As maiores vendas no trimestre foram de minério de ferro, com R$ 22,6 bilhões (63%), minério de ouro com R$ 4 bilhões (11,2%), minério de cobre com R$ 2,3 bilhões (6,4%) e minério de alumínio, com R$ 1,1 bilhão (3%).

A arrecadação de tributos no 1T20 foi da ordem de R$ 12 bilhões. O recolhimento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) somou R$ 1.025 bilhão no período, 18% inferior ao do 4T19. Os estados com maior queda na arrecadação foram Piauí e Mato Grosso do Sul (mais de 50%), Pará (20,2%), Mato Grosso (19,8%), Goiás (17,7%) e Minas Gerais (16,3%). Foram arrecadados R$ 519,1 milhões no Pará, R$ 392,7 milhões em Minas Gerais, R$ 23,8 milhões em Goiás, R$ 17,1 milhões na Bahia, R$ 12,9 milhões em São Paulo e R$ 12,3 milhões em Mato Grosso.

O recolhimento da CFEM incide sobre a produção de 88 substâncias minerais, segundo Wilson Brummer, presidente do Conselho Diretor do Ibram, sendo que cinco delas respondem por mais de 90% dessa arrecadação: minério de ferro (76,8%), ouro (6%), cobre (4,4%), alumínio (3,1%) e calcário dolomítico (1,2%).

CFEM 17-2020

Balança Comercial do setor

balança comercial

 

Além da produção, os volumes exportados pelo setor mineral caíram 17,7% no 1T20 em relação ao 4T19 (147 Mt contra 179 Mt). Foram exportadas 70,3 Mt de ferro (-17,6%), 939 mil t de alumínio (-41%), 868 mil t de manganês (-26%), 230, 3 mil t de cobre (-24%), 191 mil t de pedras e revestimentos ornamentais (-63%), 20 mil t de nióbio (-17%) e 22,9 t de ouro (-9,5%). O caulim teve um aumento de 3% no volume exportado, da ordem de 340,2 mil t.

Em valores, as exportações minerais somaram US$ 7 bilhões. Desses, US$ 4,6 bilhões de ferro (66%), US$ 980 milhões de ouro (14%), US$ 457,7 milhões de cobre (7%), US$ 425 milhões de ferronióbio (6%) e US$ 200,3 milhões de pedras e rochas ornamentais (3%).

As importações, no total de US$ 1,3 bilhão, também caíram em cerca de 8%, de 10 Mt no 4T19 para 9 Mt no 1T20. Entre as substâncias minerais mais importadas, o zinco teve queda de 64% (33 Mt), o cobre de 46% (85,5 Mt) e o potássio de 28% (1,8 Bt). A importação de carvão aumentou 0,5% (4,8 Bt) e a de rocha fosfática 19% (678,5 Mt) no período.

Brumer disse que o saldo da balança comercial do setor de mineração foi de US$ 5,7 bilhões, superando o saldo da balança comercial brasileira, de US$ 5,6 bilhões. O Pará respondeu por 54% do saldo da balança mineral e Minas Gerais por 36%.

No 1T20, o setor mineral registrou um estoque de 170 mil empregos diretos. O maior número deles em Minas Gerais (61,2 mil), seguido do Pará (21,6 mil), São Paulo (14 mil) e Bahia (12 mil).

empregos

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