GEÓLOGO DE CAMPO E UM DOS ARQUITETOS FINANCEIROS DA BAHIA NICKEL

GEÓLOGO DE CAMPO E UM DOS ARQUITETOS FINANCEIROS DA BAHIA NICKEL

Uma carreira de mais de 30 anos como geólogo de Exploração, pautada pela prospecção de depósitos minerais em todo o Brasil e por grandes descobertas como a dos projetos de ouro Tocantinzinho e Castelo dos Sonhos, na Província Mineral do Tapajós (PA). Ele, que teve seu primeiro emprego em uma pequena mina de ouro do interior gaúcho, passou 12 anos na gigante Rio Tinto, outros 15 em junior companies como a Brazauro e a Tristar Gold e aportou na Appian Capital Brasil, em 2019. Lá criou o departamento de Exploração, descobriu o depósito de níquel-platinóides de Palestina, próximo à mina Santa Rita, da Atlantic Nickel, em Itagibá (BA) e atuou na exploração brownfield do projeto Serrote, hoje Mineração Vale Verde, em Craíbas (AL).

No mesmo ano em que entrou na Appian e podia – mesmo sendo geólogo – levar uma vida sossegada, parafraseando a saudosa Rita Lee, acabou atraído para uma nova rota, que teve seu desfecho em 2021. Nada menos que a constituição de um fundo de investimento, junto a outros funcionários da Appian, que levaria ao surgimento de uma junior company privada, a Bahia Nickel.

Dedicada ao projeto Mangueiros, em Pilão Arcado, noroeste baiano, a empresa venceu a licitação da CBPM (Cia.Baiana de Pesquisa Mineral) para realizar a pesquisa complementar e desenvolver o projeto Caboclo dos Mangueiros, como era então chamado. Um promissor depósito de níquel sulfetado, com teores entre 0,20 e 0,22%, baixíssima relação estéril/minério, geometria para lavra a céu aberto e custos operacionais atrativos.

É dessa arquitetura financeira e do arrojo dos investidores em um empreendimento embrionário e de alto risco que Elton Pereira, hoje Country Manager e diretor de Exploração da Bahia Nickel fala nesta entrevista exclusiva à In the Mine. Mas há mais: os resultados das campanhas de sondagem e suas próximas etapas e a perspectiva de definir os recursos inferidos e medidos e concluir o estudo econômico preliminar do projeto, em 2024, quiçá partindo para uma IPO (oferta pública de ações). O entusiasmo de Pereira por Mangueiros é contagiante, o que explica a adesão de um grupo eclético de 52 funcionários da Appian, no Brasil e em Londres (UK), a um fundo de investimentos coletivo, fato inédito na história de junior companies.

Por fim, com incrível despretensão, em que pesem seu conhecimento e experiência, o executivo – mas ainda e fundamentalmente geólogo de campo, como gosta de lembrar – dá seu recado a jovens geólogos. Dois aliás: o segredo da Geologia, uma ciência complexa, é a busca da simplicidade. E o conhecimento geológico só pode ser absorvido através das botas e do martelo.

ITM: Como o projeto Mangueiros chegou ao seu conhecimento?

Pereira: Eu comecei a trabalhar com o grupo Appian Capital em abril de 2019, como gerente de Exploração no Brasil, responsável por criar esse departamento na empresa e por realizar exploração brownfield, em especial, nas proximidades da mina de níquel Santa Rita, da Atlantic Nickel, na Bahia, e no projeto de cobre Serrote, hoje Mineração Vale Verde, em Alagoas. Também tinha a atribuição de avaliar, como geólogo, as novas oportunidades de empreendimentos minerais que eram oferecidas à Appian no país. No mês seguinte à minha chegada, em maio, participei de uma reunião em Salvador (BA) com a CBPM, para tratar de questões referentes a Santa Rita. No final do encontro, os geólogos da companhia me falaram de um projeto de níquel sulfetado no norte do estado, que poderia ter sinergia com nossas operações. Além de me contar um pouco da história desse projeto, disponibilizaram um estudo com os resultados que haviam obtido, principalmente entre 2009 e 2016, inclusive com campanhas de sondagem rotativa diamantada.

ITM: Qual foi, então, sua percepção sobre o potencial desse depósito?

Pereira: Já à primeira vista, os resultados das sondagens me pareceram bastante promissores. Em vários furos eram evidentes intersecções contínuas mineralizadas com níquel-cobre-cobalto, de afiliação magmática (sulfetada), em profundidades de cerca de 20 m a 300 m. Os vários furos, dispostos ao longo de uma seção longitudinal, com extensão de aproximadamente 1,5 mil m, indicavam que Mangueiros tinha potencial para conter um depósito de níquel sulfetado de grande porte, com teores médios de 0,20% a 0,23% de níquel, 0,15% de cobre e 0,0015% de cobalto. Além da continuidade da mineralização, o trabalho da CBPM dava uma ideia da geometria do corpo mineral, muito semelhante à do casco de um navio ou canoa, aflorante, extenso, horizontal e raso. Com esse formato, a relação estéril/minério (REM) seria baixíssima, menor que 1 ou mesmo que 0,5. Visto em seção transversal, era um triângulo equilátero com a ponta para baixo, cujos lados coincidiriam com as paredes da futura mina, resultando numa REM muito baixa e numa operação barata.

ITM: Com essa primeira impressão, qual foi o próximo passo?

Pereira: Assinamos com a CBPM um acordo de confidencialidade que nos deu acesso a todos os dados existentes, à uma visita de campo, à revisão dos testemunhos de sondagem e também à reamostragem de três furos para posterior reanálise. Após essa fase de diligência, que só reforçou nossa percepção positiva sobre o potencial do depósito, deveríamos obter da Appian Brasil e da Appian Capital Advisory, em Londres (UK), o sinal verde para trazer o projeto para o portfólio da empresa. Isso aconteceu em meados de 2019, há exatamente quatro anos.

ITM: Porque a Appian não se interessou por essa oportunidade?

Pereira: Na verdade, a Appian se interessou. Tanto que, ao longo de 2020, houve várias discussões internas sobre a melhor forma de assumir o projeto. Mas, com o desenrolar do tempo, a conclusão foi que Mangueiros estava em um estágio muito embrionário e de risco elevado, dois fatores que incorriam em um impedimento regulamentar típico de fundos de investimento como a Appian, que priorizam projetos mais avançados, com riscos menores. Em especial, projetos com recursos já medidos e indicados de acordo com os códigos internacionais, licenciamento ambiental já obtido ou em curso e concessão de lavra. Duas boas comparações no Brasil são a mina Santa Rita, que há havia operado durante um tempo, e Serrote, que era um projeto pronto para implantação.

ITM: Foi então que surgiu a ideia de constituir um fundo privado para assumir o projeto? Qual era o investimento necessário?

 Pereira: Sim. Com suporte do Paulo Castellari, CEO da Appian no Brasil, o CEO da Appian Advisory, Michael Scherb, teve a ideia de convidar um grupo de funcionários da empresa, no Brasil e em Londres, para um fundo independente dos fundos da Appian e específico para esse projeto. Esse novo fundo seria bancado não só por pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas na avaliação do projeto, como por funcionários de outras áreas da Appian. Assim foi viabilizada a criação da Bahia Nickel, com investimentos em torno de US$ 3,2 milhões. Participamos e vencemos o processo de licitação da CBPM em setembro de 2021. Em dezembro assinamos o contrato de parceria e, em janeiro de 2022, iniciamos nosso programa de pesquisa.

ITM: Quantos e quem são os investidores desse fundo privado? Eles se desligaram da Appian?

Pereira: São 52 investidores com formações profissionais bem diversas. Além de geólogos, grupo em que me incluo, há administradores, engenheiros de minas, metalurgistas e civis, advogados e analistas financeiros, por exemplo, das áreas gerencial e operacional da Appian em Londres e gerencial e corporativa da Appian Brasil. No meu caso, como fui escolhido para ser o country manager e o gerente de Exploração da Bahia Nickel, com funções de executar e gerenciar o projeto, preciso de dedicação exclusiva. Por isso, em dezembro de 2021, me desliguei da Appian Brasil. Ainda mantenho um certo vínculo como consultor da empresa, atendendo a demandas eventuais da Atlantic Nickel ou da Mineração Vale Verde. As outras pessoas continuam trabalhando na Appian, com a concordância dos investidores e gestores dos fundos da empresa.

ITM: A Bahia Nickel nasce como uma junior company, correto?

Pereira: Sim. É uma junior company privada, mas com uma característica diferenciada. Basicamente, há dois tipos de junior companies: a privada, mantida por três ou quatro investidores geralmente, e a pública, listada em bolsa de valores, cujo capital é pulverizado entre os acionistas. No caso da Bahia Nickel, quatro ou cinco pessoas, como eu, conheciam o projeto. Outras cinco ou seis se dedicaram a avaliar as informações técnicas. Além delas, houve mais de 40 pessoas, sem nenhuma conexão com o projeto, que acreditaram na história que contamos e em nossas convicções e se convenceram que era interessante fazer o investimento. É uma situação atípica, que eu nunca havia vivenciado nos quase 15 anos em que atuei no mercado de junior companies.

ITM: Confirmada a viabilidade de Mangueiros, é possível que ele seja adquirido pela Appian?

Pereira: Eu diria que, sendo a Bahia Nickel uma empresa privada gerida e investida por pessoas que trabalham na Appian, essa opção não é viável por conflito de interesses. Tanto pelo fato de pessoas da Appian tentarem vender a ela um projeto que não é dela, quanto porque a Appian pode querer pagar menos pelo projeto que o valor proposto pelos investidores. Hoje, já temos investidores externos interessados em fazer um aporte de recursos para financiar nosso programa de pesquisa até o final deste ano e em parte de 2024. Nossa ideia é viabilizar, até meados do próximo ano, uma IPO (Oferta Pública Inicial) em bolsa de valores, tornando a Bahia Nickel uma empresa pública. Pode acontecer que recebamos uma proposta de uma major ou mid-tier company para aquisição do projeto. Mas fazendo a IPO, a própria Appian pode se interessar, porque então não haveria nenhum conflito. Seria uma outra empresa gerida por um board independente. Não digo que acontecerá, apenas que passa a ser possível.

ITM: Onde se localiza Mangueiros?

Pereira: No município de Pilão Arcado, nordeste da Bahia, próximo à cidade de São Raimundo Nonato, no Piauí (PI) e a 55 km da cidade de Campo Alegre de Lourdes, também baiana. Os centros regionais mais próximos são Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a cerca de 400 km a oeste do projeto. Chegamos em voo de carreira até Petrolina e, hoje, já há dois voos semanais até São Raimundo Nonato, que temos utilizado porque diminui a viagem de 350 km até Petrolina ou vice-versa para cerca de 60 km. Inclusive, a Azul, companhia aérea, já planeja realizar três voos semanais, porque São Raimundo Nonato é a base para turistas que querem conhecer o sítio arqueológico da Serra da Capivara.

ITM: Qual é a conformação geológica do depósito?

 Pereira: Mangueiros é tipicamente um depósito de origem magmática, hospedado em rochas ultramáficas intrusivas, com ocorrência de níquel, cobre e cobalto associadas a sulfetos. Não é um depósito laterítico, mas sulfetado, a exemplo do que resultou na mina Santa Rita, adquirida pela Appian em 2018, que retomou sua operação em 2019, através da Atlantic Nickel.

ITM: Que trabalhos já foram executados e quais os resultados obtidos?

Pereira: Em janeiro de 2022 começamos a amostragem geoquímica de solos, usando uma malha de 100 x 50 m. Com isso, a amostragem feita pela CBPM foi adensada e ampliada, de forma a cobrir totalmente o corpo mineral. Esse trabalho nos permitiu definir exatamente onde estavam as anomalias de níquel-cobre-cobalto em solo, servindo de guia para as sondagens de 6 mil m, iniciadas em julho de 2022. Até meados de dezembro desse ano, acabamos sondando 8,5 mil m, com cerca de 45 furos de 300 m de profundidade, em média. A geometria rasa do corpo mineral possibilitou aumentar para 63 mm o diâmetro das brocas de sondagem, ampliando a representatividade da amostra e dando maior fidedignidade aos resultados. Com o diâmetro mais largo, o aproveitamento também é maior já que conseguimos concluir um furo de 250 m entre três a cinco dias. Nosso programa confirmou a existência de um novo corpo ultramáfico, também com mineralização sulfetada de níquel, cobre e cobalto, a cerca de 5 km de Mangueiros. Em 2023, devemos executar outros 12 mil m de sondagens diamantadas.

ITM: Como é formada a equipe de campo?

Pereira: Hoje são 15 pessoas diretamente envolvidas no projeto. Entre elas, três geólogos de campo que se revezam, com dois trabalhando e um de folga. Eu também vou muito a campo, embora não tenha mais tempo para descrever os furos, por exemplo. Temos ainda quatro técnicos de nível médio, com capacitação em mineração e geologia, um deles da própria região; cinco auxiliares, um deles de serviços gerais, e três supervisores – de administração, logística e TI (Tecnologia da Informação). As áreas de administração, contabilidade e recursos humanos são terceirizadas, assim como a de sondagens e análise de amostras. Em 2022, contratamos a Mata Nativa, de Belo Horizonte (MG) para a campanha de sondagem e temos analisado as amostras na ALS e SGS Geosol, em Vespasiano (MG).

ITM: Qual é o cronograma de Mangueiros?

Pereira: Além da campanha de 12 mil m com três sondas, devemos iniciar um programa de gravimetria terrestre em parceria com a CBPM. Isso porque o pagamento da primeira parcela do prêmio devida à empresa foi parcialmente feito, a pedido dela, com a compra de um gravímetro terrestre. Acho que essa foi uma boa estratégia do presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm: converter parte do pagamento do prêmio em um equipamento para uso da empresa. Agora, a CBPM fará a gravimetria de áreas de seu interesse e também de Mangueiros, onde cobriremos todas as despesas de campo. Além disso, em 2022, a CBPM realizou um levantamento aerogeofisico de grande porte no noroeste e norte da Bahia, inclusive sobre nossas áreas, compartilhando conosco os dados. Foi esse levantamento eletromagnético muito detalhado, feito com helicóptero, usando um sensor a apenas 60 m do solo e com linhas de espaçamento de 200 m, que identificou um outro bloco mineralizado, a 5 km de Mangueiros. Então, no final de 2022, fizemos dois furos nessa área e confirmamos a descoberta. Por isso, em lugar de sondar cerca de 6 mil, acabamos sondando 8,5 mil m.

ITM: Há outros trabalhos previstos no depósito?

Pereira: Faremos geofísica eletromagnética de poço nos furos de sondagem que já executamos e nos furos que serão feitos neste ano, para definir as zonas de maior sulfetação. Também iniciaremos os estudos ambientais e, no primeiro trimestre de 2024, pretendemos ter os recursos medidos e indicados, certificados de acordo com códigos 43.101 (JORC), e partir para estudo econômico preliminar do projeto (PEA), fundamentais para um futuro IPO.

ITM: Qual será o impacto do projeto na região onde se localiza?   

Pereira: Ainda faremos estudos nesse sentido. Entretanto, podemos antever que uma mina de grande porte, em uma região relativamente isolada e bastante carente do sertão baiano, trará muitos benefícios sociais e econômicos às comunidades locais, especialmente com o acesso a emprego formal e regular, além de arrecadação fiscal garantida aos municípios envolvidos no projeto. Quanto à questão ambiental, sabemos que é impossível e inviável o desenvolvimento de qualquer operação de mina sem que as variáveis ambientais sejam cuidadosamente avaliadas e consideradas. Temos plena consciência dos cuidados que devemos ter nesse sentido.

ITM: Aliás, considerando o contexto da região, quais serão os principais desafios ambientais e logísticos da futura mina?

Pereira: Sabemos que a obtenção da licença ambiental para projetos mineiros envolve desafios em qualquer região do Brasil e em Mangueiros não deve ser muito diferente. Agimos de forma preventiva e assertiva desde o início do projeto, o que deve facilitar os processos de obtenção das licenças ambiental e social. Já em 2022 contratamos duas empresas de consultoria, que participaram da construção do projeto Serrote e nos apresentaram seus relatórios com diversas opções de suprimento de água e energia para a eventual operação de Mangueiros. Com esse suporte técnico, participei de uma reunião no escritório de Senhor do Bonfim da Embasa, empresa de água e saneamento do estado, para tratar da construção de uma segunda adutora, na mesma faixa de domínio da atualmente existente, entre Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes, o que pode facilitar seu licenciamento. Outra possibilidade, que ainda não avaliamos, é o uso de água subterrânea, até porque haverá apenas uma demanda inicial alta, com posterior reutilização de 90% do volume consumido na operação. Para a energia elétrica, temos outro estudo com três opções de captação: usinas hidrelétricas do estado e, o mais provável, usinas fotovoltaicas e eólicas. Quanto à logística, a região é bem servida por estradas de acesso.

ITM: Como geólogo experiente em exploração mineral, o que destaca Mangueiros em relação a outros projetos que você coordenou?

Pereira: O que me chamou atenção em Mangueiros, desde o primeiro momento, foi a mineralização continua por mais de 150-200 m. Na sequência, o potencial de tamanho e a geometria do corpo mineral, favoráveis a uma lavra a céu aberto. Hoje, acredito que temos um potencial na casa de 300 Mt, com teores na faixa de 0,20% de níquel. Cabe aqui uma ressalva. Em geral, os projetos de níquel reportam teores totais de níquel, obtidos a partir da solubilização das amostras com uma mistura de quatro ou dois ácidos. Esses métodos, porém, especialmente o de digestão multiácida, solubilizam também o níquel contido no silicato, nos piroxênios, que não pode ser aproveitado na flotação porque não flotam. Uma novidade que a Appian trouxe nesse campo é usar uma mistura de citrato de amônia com peróxido de hidrogênio, que solubiliza apenas o níquel contido nos sulfetos. Assim, o níquel reportado é o que efetivamente pode ser recuperado.

ITM: É o caso de Mangueiros?

Pereira: Sim. Alguns projetos reportam 0,30% de níquel total, mas uma parcela desse níquel não será recuperada. Quando falo 0,20 a 0,22% de níquel sulfetado, falo efetivamente de níquel total. Inclusive há zonas de teor mais rico no corpo mineral, que devemos delimitar melhor com as novas sondagens, cujos resultados devem ter um significado econômico muito importante para o payback do projeto. Some-se a isso ainda a baixa relação estéril/minério, de que já falamos. Em Santa Rita, por exemplo, o teor da mina a céu aberto está na faixa de 0,28%, com relação minério/estéril caminhando para 2,5, quase 3,0, o que implica em um custo de lavra muito maior.

ITM: Como a arquitetura financeira de Mangueiros pode servir de parâmetro a outros projetos greenfield no Brasil?

Pereira: Não tenho dúvidas que esse caso, pelo menos entre nós, investidores, acendeu uma luzinha de eureca e fará com que oportunidades como essa fiquem em nosso radar. Se nos depararmos com um projeto semelhante, que eventualmente não se enquadrem no padrão de fundos como os da Appian, podemos sim correr o risco novamente.

 

Elton Pereira2

Perfil

Nasceu em: abril de 1961, em Rio Pardo (RS)

Mora em: Mato Grosso

Trajetória acadêmica: Geologia pela Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), em São Leopoldo (RS). Mestrado em Geologia Estrutural pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), em Ouro Preto (MG)

Trajetória profissional: Apesar da crise no setor de pesquisa mineral, de 1988, quando a nova Constituição do Brasil nacionalizou o subsolo brasileiro, até 1995, tive a sorte de ser empregado como geólogo em uma pequena mina de ouro no interior gaúcho. Nela fiquei de 1988 a 1990, quando a operação foi fechada devido ao Plano Collor (pacote econômico decretado pelo então presidente Fernando Collor de Melo, que desmonetizou a economia do país de forma rápida e descontrolada). Em 1993, fui para a Rio Tinto, atuando até 2004 em projetos de exploração em todo o país. Em 2005, com o boom das junior companies, entrei para a Brazauro, vendida para a Eldorado Gold em 2010. Com o mesmo grupo de investidores da Brazauro, criamos a Tristar Gold, onde permaneci até 2018. Do início de 2019 até o final de 2021, estive na Appian Capital Brasil e, desde janeiro de 2022, estou na Bahia Nickel

Família: Tatiana, que divide minha vida nômade há 25 anos, e meus filhos Samuel, Daniel e Israel

Hobby: Ler biografias e bons livros de fundo histórico, ver bons filmes, cozinhar e viajar, não necessariamente nessa ordem

Time de Futebol: Grêmio

Um mestre/ídolo: Um mestre, o professor Fernando Flecha de Alkmim, geocientista com quem desmistifiquei a geologia estrutural e aprendi de fato a escrever. Um ídolo, meu pai Assis Pereira, um exímio alfaiate e grande humanista, com quem aprendi a ser gente, homem e pai

Maior decepção: Se as tive, não foram importantes porque não me marcaram

Maior realização: Estar diretamente envolvido na descoberta de vários depósitos no Brasil, como os de caulim premium, em Manaus (AM) e de ouro em Tocantinzinho e Castelo dos Sonhos, no Tapajós (PA). Já na Appian Capital, o depósito de níquel-platinóides de Palestina, próximo à mina Santa Rita e agora, o de Mangueiros, ambos na Bahia

Um projeto: Ser (um bom) geólogo de exploração foi e é meu projeto profissional. Poder dar e de fato dar boa educação e fazer de meus filhos homens de bem, foi e é meu projeto de vida

Um “conselho” a jovens geólogos: Geologia é uma ciência complexa por natureza. Daí, que seu segredo esteja na busca da simplicidade. O fundamental é nunca esquecer que o conhecimento geológico é absorvido pelo geólogo através das botas e do martelo

 

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