FLSMIDTH INAUGURA CENTRO DE COLABORAÇÃO DIGITAL

FLSMIDTH INAUGURA CENTRO DE COLABORAÇÃO DIGITAL

Por Wilson Bigarelli

A FLSmidth tem se destacado nos últimos anos como um dos principais fornecedores da mineração. No Brasil, essa tendência se acentuou em 2017, com a compra da divisão Mining Systems, da Sandvik. E pela conquista de importantes contratos para provimento de equipamentos e serviços junto aos novos projetos de cobre e ouro.

O que está por trás dessa escalada da FLSmidth no setor mineral e também no de cimento, seu segmento de atuação mais tradicional, é uma estratégia que parte de um princípio básico no mundo dos negócios, mas que nem sempre é colocada em prática, com a necessária competência e determinação. Nada mais, nada menos do que ficar próximo ao cliente, entender suas necessidades e propor soluções sob medida.

É isso que a FLSmidth vem fazendo em quase uma centena de países onde atua. E na América do Sul, em particular, onde inaugurou, em julho deste ano, um centro de serviços no Chile, em Caiapó. O novo centro junta-se a suas outras instalações, em Antofagasta e Santiago (no próprio Chile),  São Paulo (Brasil), e Arequipa (Peru). E é isso o que faz agora, em novembro, com a abertura de um Centro de Colaboração Digital (em Santiago). A fim de garantir assistência remota aos seus clientes na região, 24 horas por dia, nos sete dias da semana.

Sociedade sustentável

Andres Costa, presidente da FLSmidth na América do Sul e Cuba, explica em detalhes essa estratégia. Antes, porém, ressalta que o comprometimento da empresa com a mineração se baseia em objetivos comuns. “Queremos ser membros da sociedade sustentável. Queremos melhorar a sociedade com nossos produtos e sistemas. A mineração é imprescindível, mas deve desenvolver-se sem prejuízo da comunidade e de outros setores. Caso da agricultura aqui no Chile, que disputa com a mineração o uso da água”.

Esse é apenas um dos desafios, levantados pelo trabalho de campo de cerca de 1.200 profissionais que dão suporte à mineração chilena – um número que chega a dobrar, caso se considere também ações pontuais. Mas há também a questão do manejo de rejeitos, bastante crítica no Brasil, depois do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. “Para nós, está claro que o manejo de rejeitos deve ser feito com práticas seguras, de modo que seja rentável e ambientalmente amigável. E uma das formas é o reaproveitamento de água e sua reutilização no processo”, afirma Costa.

A convivência e as instâncias da FLSmidth junto aos seus clientes revela também que há problemas de mão de obra (nem sempre com a qualificação necessária) e também de capital para investimento, reservas minerais e economia de escala. Há necessidade ainda de garantir a segurança, mitigar os riscos envolvidos, incrementar a produção, reduzir custos e desenvolver plantas completas e integradas.

Performance das operações

Feito o diagnóstico, o próximo passo é formatar as soluções e, para a FLSmidth, o básico nesse caso é que seus  equipamentos e sistemas funcionem da maneira em que foram projetados. Em poucas palavras: garantir a performance das operações e, em consequência, dos próprios clientes.

Loge de ser uma expressão genérica, as tais “soluções integradas” traduzem um objetivo que vem sendo perseguido pela empresa há muito tempo. O grupo dinamarquês F.L. Smidith iniciou suas atividades em 1882. Antes de chegar ao perfil atual, com 12.600 empregados em todo mundo – um contingente que chegou a 18.750 colaboradores em 2018 –um longo caminho foi percorrido.

E a rota de crescimento surgiu da necessidade de fornecer plantas completas (Full Flow Sheet) para a indústria cimenteira – do britador ao manejo do material. Essa meta, depois levada a efeito para o atendimento da mineração como um todo, foi iniciada em 1998, com aquisição de várias empresas em nível mundial.

Exatamente uma década depois, em 2008, com seu portfólio ampliado significativamente, a FLSmidth começou a expandir-se geograficamente, com foco nos países emergentes – na América Latina, África, Ásia e Índia – potencialmente promissores em mineração. Um setor que representa hoje 60% do volume de negócios, suplantando a área de origem (cimento), que contabiliza cerca de 40%.

Novos horizontes no Brasil

O caso do Brasil é típico nesse processo. Se a base da mineração brasileira é o minério de ferro, a aquisição da divisão Mining Systems da Sandvik foi fundamental para a FLSmidth ganhar escala no mercado nacional.

Flávio Augusto Pesce Storolli, diretor de vendas, e responsável pela operação no Brasil, lembra que de 60 a 70% do fornecimento do S11D (complexo minerador da Vale, no sudoeste do Pará), considerando-se as linhas de produtos que fornece, foi feito pela divisão Mining Systems.

“Sem dúvida, com essa aquisição demos um grande salto e abrimos novos horizontes, não somente no minério de ferro, como também, somado ao nosso portfólio anterior, em projetos de menor porte de cobre e ouro”. E, realmente, há muita margem para crescimento. O Brasil representa cerca de 10% dos negócios do grupo na região, enquanto o Chile responde por 50% e o Peru, 35%.

Otimização de processos

Ainda no caso brasileiro, no segmento de cimento, a premissa é a mesma.”Estamos presentes no dia a dia das plantas e isso nos dá condições de identificar oportunidades de interação”, diz Paulo Sena Orsini, principal executivo da área de vendas das instalações da FLSmidth em Votoramtim (SP). Nesse local, além da área de peças e equipamentos, também são desenvolvidos projetos para as plantas de cimento. “No Brasil, temos ainda muitas plantas antigas em operação e os nossos negócios concentram-se na otimização”, diz Orsini. “E só otimiza quem conhece o processo. E a FLSmidth conhece há muito tempo”.

Não é uma exclusividade da FLSmidth, mas a área técnica do grupo desenvolve,  em parceria com clientes, seu proprio projeto de otimização com base no conceito de processamento seletivo. Isso está em curso em uma cimenteira no Brasil e em uma mineração no norte do Peru. Trata-se de uma tecnologia que permite descartar minerais de baixo teor antes de seu processamento.

Com isso, reduzem-se custos de processamento e elimina-se grande parte do rejeito que iria ser depositado posteriormente, além do consumo de água envolvido. A tecnologia, conhecida com Ore Sorting, trabalha com faixa granulométrica de 100 a 300 mm. E o teor é identificado por sistema óptico.

Centro de Colaboração Digital

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Executivos da FLSmidth,
em Santiago, no Chile

Para a área técnica de suporte da divisão sul-americana da FLSmidith foi uma grande conquista o investimento do grupo em um Centro de Colaboração Digital, em Santiago, no Chile. As equipes multidisciplinares, incluindo engenheiros de processo, de confiabilidade e especialistas de produto, passam a contar com uma retaguarda importante. A expectativa é que o novo centro possa melhorar a eficiência das equipes e fazer com que os clientes possam produzir mais e melhor. Com uma resposta mais rápida e serviços de menor custo.

“A digitalização do setor de mineração e da indústria cimenteira está em uma fase anterior, quando comparada a outros setores”, diz Hernan Muniz, gerente da linha de produtos digitais da FLSmidth na América do Sul. “Temos portanto uma oportunidade para alavancar esse processo e uma abertura para avançarmos”.

Ele lembra que “a digitalização não é um fim em si, mas um facilitador”. Em um esquematização básica, a digitalização viria depois da analítica avançada (que seria o cérebro) e da automatização (a execução em si) e antes da Internet das Coisas e outros componentes habilitadores. “Há mais de 40 anos, a FLSmidith desenvolve sistemas de automatização e, hoje, todas essas novas tecnologias integram a área de digitalização, que tem, como ponto de partida, os dados reais das operações”.

 

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