CULTURA E SABER QUILOMBOLA COMPARTILHADOS

CULTURA E SABER QUILOMBOLA COMPARTILHADOS

Dois encontros dia 25 e 28 de setembro para conhecer mais sobre as experiências de cultura, costumes e causas quilombolas.  Esse o tema programação de palestras “Quilombo Território de Cultura”. Realizados nos municípios de Óbidos e Oriximiná, oeste paraense, envolveram associações e grupos de tradicionais quilombos da região.

A ação formativa faz parte do Projeto Circuito de Cultura – 2ª Edição, realizado via Lei de Incentivo à Cultura, com gestão de Uirapuru Cultura e Comunicação. E patrocínio da Mineração Rio do Norte (MRN), Ministério do Turismo, por meio da Secretaria Especial da Cultura, e Governo Federal.

Continuidade e ancestralidade das práticas culturais

Diversas questões questões foram debatidas. Como a continuidade e ancestralidade que perpetua as práticas culturais. Como os artistas contemporâneos se utilizam desse saber comunitário. E as medidas e avaliações para a arte quilombola nesse período pandêmico. Foram abordadas por lideranças como Carlos Printes, um dos fundadores da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO). “O relato é de como organizamos a associação nos anos 80, as vivências pela resistência da cultura e costumes quilombolas”

Carlos-Printes
Carlos Printes

Printes atualmente é membro do conselho diretor da ARQMO. Também é cantor, compositor e artista. Por isso, sua abordagem abordou inclui a música e como ela tem contribuido para manter a comunidade quilombola informada. “Inspirado em nossas causas, minhas composições trazem conhecimentos sobre direitos e lutas quilombolas”.

Valores e a consciência das mulheres negras

A pedagoga Rosivalda Santos responde pela mediação das palestras. Ela representa o grupo cultural Dandaras, vinculado à coordenação de mulheres da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO). Criado há um ano, este grupo reúne 15 integrantes de várias gerações e associações de territórios quilombolas de Oriximiná.

Rosivalda-Santos
Rosivalda Santos

Elas representam os valores e a consciência das mulheres negras através da dança. E do compartilhamento de conhecimentos por meio de palestras socioeducativas, que abordam temas como empoderamento feminino, profissionalização e geração de renda dentro das comunidades. “Começamos com a dança e ampliamos o trabalho para palestras, rodas de conversa e oficinas de penteado e turbante, para incentivar a independência econômica das mulheres destes territórios”, relata Rosivalda.

Para Rosivalda, disponibilizar espaços para falar sobre a cultura quilombola são importantes porque possibilitam o diálogo sobre os trabalhos desenvolvidos nestas comunidades para a sociedade. “É uma forma de valorização cultural para compartilharmos as lutas do movimento negro, nossas conquistas e desafios. Nestas palestras, levamos a importância da formação dos mais de 37 quilombos desta região, que têm um rico acervo cultural, que contribui para a sociedade”, declara.

Legado cultural das comunidades tradicionais

Jeferson dos Santos, gerente de Relações Comunitárias da Mineração Rio do Norte (MRN), destaca que parcerias que viabilizam projetos como o Circuito de Cultura – 2ª Edição contribuem para manter o legado cultural das comunidades tradicionais da região. “Espaços de diálogos como estas palestras valorizam os saberes e as experiências vivenciadas pelas populações quilombolas, que contribuíram para o desenvolvimento econômico, social e cultural desta região. É uma oportunidade relevante de intercâmbio de conhecimentos”, comenta.

O Projeto Circuito de Cultura – 2ª Edição realiza ações voltadas para o fomento e a valorização da cultura negra das 37 comunidades do município de Oriximiná, ações de intercâmbio e apoio em Oriximiná, Faro, Óbidos e Terra Santa e formação de plateia nestes municípios.

“Mais de 500 mil pessoas e mais de 100 artistas de todas as localidades e comunidades quilombolas, produtores e equipe técnica, administrativo e operacional, já participaram das programações deste projeto, somando as ações também do circuito de integração cultural, realizadas nos anos de 2018, 2019 e 2020”, relata Annieli Valério, coordenadora do Projeto Circuito de Cultura – 2ª Edição.

Fomento e valorização das atividades artísticas

Entre os resultados positivos destas ações estão o fomento das atividades artísticas, a valorização das culturas desses municípios e o desenvolvimento de mão de obra local através de oficinas, encontros e palestras. “Estas iniciativas também fortalecem a formação de plateia e o desenvolvimento voltado para a economia criativa nesta região”, acredita Annieli.

Os encontros serão disponibilizados posteriormente em plataforma do YouTube.

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